Sunday, January 16, 2011


Medo. Medo e palavras.
Demasiadas palavras. Palavras que cheguem para os dois.
Entre nós o Universo. Os “ses” que a levaram dos meus braços.
Da janela do meu quarto, aquele sorriso imenso de quem faz pouco do mundo.
Do outro lado da estrada, as palavras que nunca lhe entreguei em mão .
Ela é uma artista incrível .
Admiro todos os seus quadros.
Todos.
Não sei se terá algum dia a mínima suspeita. Duvido.
Sempre disfarcei bem.
O truque, sempre o mesmo.
A cada tela que me mostra, sorrio e acendo um cigarro.
“ Gosto “. “ Está bonito”.
“Já não me tinhas mostrado este”?
Sorrio sempre.
E ela sorri também.
Encolhe os ombros e oferece-me um café .
Foi assim durante anos.
Hoje não.
Mais uma tela, mais um cigarro e um par de sorrisos.
Em vez de café ofereceu-me uma conversa. Um minuto dos seus.
E falámos durante horas.
Sobre nós e sobre tudo.
Do mesmo lado da estrada, ela contou-me todos os seus sonhos.

E eu entreguei-lhe em mão os meus .