Saturday, March 8, 2008

Hoje




Não há medo maior que possa sentir quem escreve sobre a morte, que a ideia que todo o texto pode ser o último.
A morte é uma puta. A vida também.
A escolha entre ambas mais do que utópica,é efémera.
A morte espera-se, a vida gasta-se.E ha muita vida por estrear.
Gastamos vida a falar de vida.Da nossa...e não só.
Julgamo-nos Deus,senhores de opinião,e gastamos minutos dos nossos... a descrever os de outros...
Falamos porque falamos, não porque gostemos de o fazer, mas por não sabermos fazer mais nada.Julgamo-nos perfeitos saboreadores do paladar da vida,quando na verdade ela nos sabe a pouco.Enchemos o peito de ar e mentimos a nós mesmos.”Amanhã serei outro”.
Mas o amanhã saberá ao mesmo. A “ontem”.
Vivem pessoas no mesmo mundo que o meu com uma coragem extraordinária,lições de vida...Príncipes de sangue incolor,tocadores de piano...gente melhor do que eu próprio alguma vez me considerarei.
Vivemos com o peso da própria vida ás costas, e ainda assim cabe-nos uma ou outra no bolso.Somos cegos, e gostamos...dói-nos menos.
Queremos salvação vinda do céu, quando já tanta merda fizemos em terra.Zangamo-nos com Deus, queremos que nos pare com sofrimento, ou que faça alguém sofrer também...para que nos deixemos de sentir sós.
Deus assusta-me.E a sua ausência também.
Não me fascino pela Fé,nem pela falta dela...Creio na vida,e na morte, sem interesse por qual chega primeiro.
A minha vida vivê-la-ei hoje, com todo o sofrimento a que tenho direito.
Sem vergonha, mas com respeito, sem vaidade, mas com orgulho.
E sorrirei.
Amanhã o dia estará vivo.










E eu com ele .