Sunday, July 5, 2009

Entre o sono e o sonho volume II




Tive a honra do convite e aceitei. Serei um dos autores presentes na colectânea, com um par de textos. Sai no final deste mês,acho que dia 26.
Tenho saudades de escrever aqui.
Vou fazê-lo em breve.

Friday, May 1, 2009



Tenho minhas, apenas as palavras .
Tenho palavras, que nem palavras são. Palavras que deito por fora, e outras tantas que guardei só para ti.
Guardo palavras no bolso, palavras no peito. Algumas digo-as ao ouvido, sem o mínimo de respeito por quem pelo canto do olho, nos observa e me inveja.
Procuro ainda hoje novas palavras que expliquem o que somos.
O que somos quando te toco. O que somos quando as minhas palavras te tocam .
Tenho palavras escritas em cada parte do teu corpo, que hoje como sempre, quis perto de mim.
Tenho palavras trocadas, escritas do avesso, palavras que tiram do sério, que fazem meio mundo não gostar de mim. Tenho palavras para dizer que te adoro. Para dizer-te que gosto que as leias. E que hoje como sempre, me fizeste falta.
Não sabes o quanto me fazes falta…
Tenho cravadas na pele, palavras deixadas no escuro que ainda hoje, temo que se cruzem contigo.
O desejo pode ser perigoso. As palavras também.
Gastei contigo demasiadas, restam-me poucas escondidas. Algumas são minhas, outras nem tanto. Encontrei-as debaixo do teu vestido.
São palavras raras, talvez nunca as tenhas ouvido… palavras de outros tempos, de outros mundos…de um amor como o que nos roubaram. Como o amor que me roubaste.
Palavras que ainda hoje dormem ao relento, sem tecto nem corpo, sem voz nem cheiro.
Nem vivas, nem mortas.
Nem minhas, nem tuas.


“ Sabes guardar um segredo? “

Tuesday, March 17, 2009

Pano



Enquanto houver música na sala haverão sempre os nossos passos, seja qual for a dança, seja qual for a companhia.
Enquanto houver música na sala, haverão sempre as velhas dançantes, e os maridos de passo trocado, rogando pragas aos ponteiros, e ao tempo que com eles adormeceu.
Enquanto houver música na sala, haverá sempre o som das nossas vozes sobre todas as outras, onde ao ouvido, te prometo a cada toque de pele, que de pele vai tendo pouco,o nascer de outro poema .

Somos hoje apenas sombras.

Enquanto houver música na sala, estarei sempre eu a olhar p´ra ti, esperando que a dança dure uma vida, e que a canção me faça parecer quase perfeito .
Haverá sempre aquele teu vestido, de lés a lés vermelho, onde cada sonho meu encontra o teu peito, e onde daquele canto, não mais fugimos.
Nem eu, nem tu. Nem o crime que nos tornámos.

Enquanto houver música na sala, haverão sempre os cantos escuros onde te quero, e onde esse vestido é, de lés a lés despido, e onde cada sonho meu encontra o teu peito, e onde desse canto não mais fugimos. Nem eu, nem tu .

Nem o crime que nos tornámos .

Thursday, March 5, 2009



Existem em ti dois amantes
Cujo amor não tem tecto
Nem sinais de abrandamento
Dois amantes pouco importantes
E pouco importa o que é certo
Se é certo no momento

E os momentos são instantes
Sobre as brasas são dançantes
Queima demais o sentimento
De quem ama amor errante

De quem ama cá de dentro

E eu, que amo sem qualquer arte
Só queria abraçar-te...



Amor é vidro, e parte
Amor é vidro, e parte .

Saturday, February 7, 2009

Fotografia





Sempre odiei tecnologias. E odeio-as pela mesma razão pela qual odeio mulheres mais bonitas e inteligentes do que eu.
Mais tempo, menos tempo, somos sempre ultrapassados.(Odeio-as sobretudo nestas alturas, porque nas outras a coisa até é bem suportável).
Sempre me dei melhor com os papeis e com as telas, do que com qualquer objecto cuja função dependa de um On/Off. Ao saber que teria de ter a cadeira de fotografia( E o verbo não é aqui colocado ao acaso), cedo percebi que a estrada seria estreita e acidentada, e que muito provavelmente iria tombar pelo caminho.
Em vinte e dois anos de vida, sempre que me juntei com outras pessoas dentro de salas estreitas e escuras, com químicos envolvidos, a coisa nunca correu bem.
A cada cigarro aceso em curtas pausas de trabalho algum, ia pensando sobre a melhor forma de capturar a realidade. Ângulo, luz, sombra, e tantas outras terminologias que se me pedirem para relacionar com a técnica fotográfica dificilmente o saberei , foram-me “atafolhando” o subconsciente, que diga-se, de muita tralha vai estando farto.
Mas como capturar a realidade, se tudo o que defendo artisticamente é a distorção da mesma ?
Como reproduzir o que os olhos vêm, quanto tantas vezes os cerrei, esperando que o que penso ou sinto, me traga algo diferente, e mais belo?
É estranho...
A estas incógnitas junta-se a ideia, confirmada por dezenas de vezes por familiares,amigos,mestres,professores,patrões e afins, de que nem sempre o meu caminho entre o "quero fazer isto", e o acto de fazer em si, é um caminho recto. Normalmente existem atalhos. E normalmente terminam em lugar nenhum.
E depois há o revelador,o fixador, o banho de paragem, o obturador, o fotómetro, o cheiro a ontem das toalhas, o calor, o sono, o hálito( meu, e dos demais) denunciando as horas de escuro perdidas, sem nada dar ao estômago para que se cale.
E o papel tão mariquinhas que com um pouco de luz a mais se queima, "precisa de filtro!" ,dizem os sábios.
Estou farto de erros.Dos meus, e dos vossos.
E os deles, que nos roubaram fotos!
Entre os muito escuros e os muito claros que vou parindo, percebo que de facto os meus talentos, caso existam, estão decerto destinados a outras câmaras menos escuras. E quando a meio do processo, percebemos que desengordurante não é sunquick, já as fotos parecem "Dalis" e "Pollocks", a que nem as molas se pegam.
Nem mil cachimbadas de vapor egípsio salvariam o professor da árdua tarefa de me avaliar as obras primas.
-“Pá meu, isto é uma porcaria” .
É de facto, e o mais estúpido de tudo isso é que ainda me rio disso mesmo, e com “disso mesmo” quero mesmo dizer, de mim. Quando 50% da tarefa está (mal) cumprida, julgamos tudo mais fácil, com três simples letras, que juntas entre pontos, são responsáveis por muitos quilómetros de distância entre jovens e cultura.
U.S.B .
Mas nem isso me ajuda. O problema de interpretação fragmentada do que me rodeia mantém-se, a facilidade de manuseamento com tudo o que implique On\Off também. Juntam-se as vontades no peito, e engolem-se todos os palavrões apetecíveis a cada fotografia mal medida. Os barcos perdem a proa, as senhoras do mercado a cabeça, e nem os dois polícias gordos rogando pragas a Cavaco e á crise, se livram de um ligeiro mutilar dos seus membros inferiores.
E quando se tiram setenta e seis fotos num raio de quilómetro e meio, e se chega a casa ansioso por ver o resultado daquele tempo lançado ao lixo, percebemos que” U.S.B” sem computador nem “U” pode ser, o computador esse está sem bateria.
E o carregador ficou no mercado.
O das senhoras sem cabeça.

Sunday, January 11, 2009

Sunday, December 21, 2008

Thursday, October 30, 2008




Longos meses. Demasiados meses.
Faz muito tempo desde que partiste. Desde que me deixaste por cá contando os dias... Esperando que voltes.
Tu, ou o que ainda resta de ti. Levaste tantas partes minhas que não serás agora muito mais do que um fragmento. Do que uma mistura de males, que um dia foi um só.
Odeio-te hoje mais do que sempre. Ontem odiei-te bastante também... Temo que toda esta ira me acompanhe até ao fim dos meus dias. É demasiada, julgo por vezes que acabará por me destruir.
Verdade.
Temo o que me tornei. Surdo,cego e sofrido. Fechado, oco, sombrio . Não existem espelhos nem relógios, nem dia nem noite. Existes tu a olhar pra mim, escutando as minhas histórias. Lembras-te das minhas histórias?
A maioria inventei...
Com esta triste figura dificlmente espancava aqueles gajos todos. Mas tu escutavas... com o corpo sobre o meu , olhando-me como se quisesses fazer parte.
“Deixa-me fazer parte! “
Deixa-me fazer eu parte de ti, respondia-te.
E tu sorrias.
Sorrias e colavas o peito ao meu, fazias de nós um só...
Por onde andarás tu agora? Será que morreste?
Oxalá que sim. De frio, queimada viva, comida por um elefante...
Provavelmente também o elefante acabaria morto.
Eu que sempre me achei de ferro, sempre tive o que queria, incluindo as tuas amigas. As tuas amigas adoravam-me! Uma confessou um dia que a minha voz já lhe havia roubado algumas noites de sono. E que me desejava.
Desejava-me mesmo .
E eu não te contei, óbvio. Tal era o medo que te fosses de vez...
Agora dizia-to ao ouvido, enquanto te esventrava numa qualquer esquina.
Saberás ainda o meu nome? Os contornos do meu corpo?
Claro que não...
Só queria saber onde estás, acenar-te ao longe, mostrar-te o que perdeste.
Apresentar-te uma amiga bonita. Fazer te algum dano, algum que fosse.
Mostrar-te o meu esquecimento, a minha indiferença... É a tua indiferença que eu temo. Não provocar em ti emoção alguma...
Ser pedra, ser vento, ser nada.
E que esse nada seja pra ti ainda menos do que isso .
Espero um dia pod..


-"Amor o que estás escrever?"

- " Nada, nada minha flor. Vai andando que já te acompanho"

-"Amas-me mais do que alguma vez amas-te alguém?"

-"Claro que sim princesa. Claro que sim... Dorme"



..er ver-te sofrer. Esperarei para sempre esse dia.

Para sempre.

Saturday, October 4, 2008





Anna: I can't believe you have that picture on your wall.
William: You like Chagall?
Anna: I do. It feels like how being in love should be. Floating through a dark blue sky.
William: With a goat playing the violin.
Anna: Yes - happiness isn't happiness without a violin-playing goat.

Tuesday, September 30, 2008





Só pelas dores que por ti sinto, descubro que resta ainda vida em mim.
Está turvo este meu reflexo. Não importa o espelho.
Não importas tu. Ou talvez importes.
Prefiro morrer na dúvida...ignorante sofre menos .
Julguei-me morto após partires, verdade...
Cerrei as persianas, queimei todas aquelas cartas...
Como posso ter estado assim tão perto a gritar-te aos ouvidos, sem que
por um segundo que seja, te tenhas apercebido ?
Estavas mesmo aqui? Foste um sonho? És um sonho ?
Se sim por favor grita. Avisa-me .
Não possuo mais espaço para feridas. Talvez uma ou duas nas entrelinhas daquela nossa história.
Daqueles momentos menos maus. Talvez os tenhas levado contigo. Duvido...
Não te fariam qualquer falta.
Ontem sonhei contigo. Estava a pegar-te fogo.
Sem gasolina.






Só raiva, e um fósforo .

Wednesday, September 24, 2008

E saiu mesmo .










"Sonhar não rima"

Monday, September 8, 2008

Friday, April 18, 2008

Estranha Escolha


Não sei porquê esse teu gosto
Não sei porquê eu o escolhido
Não sei que disfarce terei eu posto
Não sei o que de mim terás ouvido

Não sei a razão de tanto afecto
Não sei como me queres melhor
Se meio a medo, se meio directo
Se com vontade, ou por favor

Não sei que um dia te fiz eu
Não sou herói, nem encantado
Que mundo é esse que queres meu
Onde me tens em qualquer lado

Não sei se foi falsa a impressão
Não sei se me fiz de algo mais
Não sei se é corpo, se é atracção
Ou outras pretenções banais


Não sei o que vê esse olho em mim
Nem se o amor peca por lento
Mas se o que fazes é bom assim...










Então que o faças por mais um tempo.

Wednesday, April 9, 2008

Assimetria












Cesariny

Sunday, March 30, 2008

Étrange cadeau



É, e será sempre a dor mais puta.
Será como falar de mim próprio.Ferro na carne.Hoje,e sempre.
Sobre mim só tenho perguntas.
Há veneno no que penso,há dor no que escrevo...
Esta eterna luxúria que me deixa quase morto.
Que artista sou eu, se não mais do que este mundo sei pintar.Não me vejo,não me escuto...nem vivo me sinto.
Que mão esta que por mim escreve.
Não sei se estou louco, ou se o mundo elouqueceu.
Tenho medo que a mão pare, que a fonte seque.Por mais que tente, não escrevo quando quero.
Apelo aos deuses, e a mim próprio.Rasgam-se letras e morde-se a própria pele...a folha, a branco dorme.
E só.
Escrever é como amar, "nasce de quase nada e morre de quase tudo".
Escrevemos pra sermos lidos...por nós e pelo outro.Mesmo no mais profundo dos caixotes, queremos o nosso texto perfeito.
Como leitor estou morto.Morro com os livros.
Por mais que existam,dou por mim buscando outros, outra capas,outro cheiro,outras histórias...
Como escritor sou uma merda.Jamais terei palavras para sentimentos de outros,
vivências alheias,dores próximas...nos meus textos estarei sempre eu.
Sem forças para fugir.
Sento-me entre os próprios versos, e vasculho algo novo de onde possa partir.
É como a parte escura por baixo da cama,esticamos o braço sabendo sempre que encontraremos algo.
Sou discrente em estado puro,vagabundo das próprias ideias...Sinto como se me traísse a mim próprio pela forma como o que escrevo me expõe.
Crio a crú.Sem regras ou limites.Serei erro de escrita,porque sou erro de alma.
Não adiantam rascunhos,ensaios...são palavras lançadas ao fogo.

Escrevo hoje, porque alguém escreveu por mim. Amanhã espero estar louco.




Porque são, não escrevo assim.










*