Tuesday, March 17, 2009
Pano
Enquanto houver música na sala haverão sempre os nossos passos, seja qual for a dança, seja qual for a companhia.
Enquanto houver música na sala, haverão sempre as velhas dançantes, e os maridos de passo trocado, rogando pragas aos ponteiros, e ao tempo que com eles adormeceu.
Enquanto houver música na sala, haverá sempre o som das nossas vozes sobre todas as outras, onde ao ouvido, te prometo a cada toque de pele, que de pele vai tendo pouco,o nascer de outro poema .
Somos hoje apenas sombras.
Enquanto houver música na sala, estarei sempre eu a olhar p´ra ti, esperando que a dança dure uma vida, e que a canção me faça parecer quase perfeito .
Haverá sempre aquele teu vestido, de lés a lés vermelho, onde cada sonho meu encontra o teu peito, e onde daquele canto, não mais fugimos.
Nem eu, nem tu. Nem o crime que nos tornámos.
Enquanto houver música na sala, haverão sempre os cantos escuros onde te quero, e onde esse vestido é, de lés a lés despido, e onde cada sonho meu encontra o teu peito, e onde desse canto não mais fugimos. Nem eu, nem tu .
Nem o crime que nos tornámos .