Friday, February 4, 2011

Plus d'une erreur


Não faz qualquer sentido.
Porquê eu? Não posso ser eu.
Como não sabe explicar?
Tem de saber explicar.
Ter-me escolhido foi para além do seu maior erro, a coisa mais bonita que me aconteceu na vida.
Sempre falhei demasiado. Desde miúdo.
Nunca marquei golos e era sempre o primeiro a ser encontrado.
“1,2,3 este nunca salva ninguém".
Médio na escola,
demasiado distraído,
o último da fila no bate-pé.
Os bolsos sempre cheios de sonhos.
Tenho um carro velho.
Uma máquina que faz um café horrível.
Gosto de coisas que nem te interessam.
Não faço a barba,
não passo calças a ferro,
detesto musicais.
Detesto pesca também,
e o teu pai odeia-me por isso.
Sei que foi ele que me deitou o livro ao rio.
“Poesia não enche o peito a ninguém!”
Tenho um emprego vulgar,
pernas demasiado estreitas,
e sou, sem dúvida, o mais feio dos meus amigos.
Sou terrível com datas,
não conheço ninguém famoso,
nunca fui a Nova Yorke,
fico cheio de sal no nariz quando como as batatas do pacote.
Sou péssimo a demonstrar ciúmes,
nunca adivinho o teu perfume,
bebo água directamente do jarro,
e passo a vida a esquecer-me de dizer o quão linda estás de manhã.
Não vou ser promovido em breve, e tu não queres nem saber.
Não te importa o que bebo ou tomo.
Carregas-me sempre sobre esses teus ombros pequenos, seja qual for o destino.
E ao deitar, se estou cansado e adormeço enquanto me contas como foi o teu dia, tu sorris.
Sorris sempre.



E guardas as tuas histórias para amanhã.