Thursday, July 15, 2010

O meu amor


Uma amiga que fiz por aqui, disse-me ontem que chora cada vez que ouve fado.

Nunca esteve em Portugal, não conhece Lisboa nem a língua Portuguesa.

Mora do outro lado da Europa, num País onde o fado não é mais do que um corpo estranho.

Chora com Mariza , com Carlos do Carmo e Camané .

Conhece muito bem Amália.

“ What a beautiful woman no ? ” .

Diz que o fado lhe traz paz de espírito.

Uma espécie de rua escura que há muito quer conhecer.

Chora, e di-lo com orgulho.

Com aquele sorriso malandro de quem acha que fez algo de errado.

Diz que chora sempre. Várias vezes ao dia.

E que ama o meu País por isso.

O País onde nunca esteve, mas de quem sabe tanto .

O País que está a sofrer mais do que merece.

O País mais bonito que eu conheço. Sobretudo visto de longe.

O País que é, e sempre será a minha casa .

E sabe bem ouvirmos bem da nossa casa. Saber que gostam de nós mesmo com todas as nossas imperfeições.

Os ” foda-se” , os Chico-espertismos , os buzinões, as tascas cheias de vinho, dentro e fora dos copos.

Um País que carrega hoje feridas enormes.

“ Vai-se andando “? .

Espero que sim.

O nosso País não pode nunca ser um problema.

Esta espécie de fardo que carregamos no peito e que nos impede de sorrir, mesmo entre aqueles que mais gostamos.

E nós que gostamos tanto.

Um gostar que não vemos em lugar algum.

Da janela de onde agora vejo o mundo, Portugal continua lindo.

Cheio de pessoas lindas. De mulheres lindas.

Gente cheia de talento, que às vezes se perde em coisas menores e pequenos obstáculos.

Portugal pode ser pequeno demais para alguns dos nossos sonhos.

Claro.

Mas deve ser sempre um motivo de orgulho.

Eu também choro.

Mas o País mais bonito que eu conheço chora comigo.

E enquanto o puder ver da minha janela, tudo será mais fácil.

Sei que um dia estaremos juntos.

O meu amor e eu .